SÃO PAULO (Reuters) - O presidente-candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que, caso seja comprovado que o dinheiro para compra do dossiê contra tucanos saiu da sua campanha, ele estará sujeito à punição da Justiça eleitoral.
As declarações foram feitas durante sabatina realizada pelo jornal Folha de S.Paulo na quarta-feira em Brasília e publicada na edição desta quinta-feira.
"Bom, se se comprovar, se se cometeu um crime eleitoral, eu e qualquer outro cidadão comum neste país temos que pagar pelo crime que cometemos", disse Lula, acrescentando, no entanto, que duvida que o dinheiro tenha origem no caixa de campanha.
"Eu duvido, duvido que seja da minha campanha. Se tem uma coisa que esse maldito dossiê fez foi atrapalhar que eu ganhasse a eleição em primeiro turno. Alguém deu um tiro de canhão no pé", afirmou.
Durante aproximadamente duas horas de sabatina, Lula minimizou seu favoritismo no segundo turno, em que apresenta vantagem de 20 pontos percentuais dos votos válidos em relação ao adversário, Geraldo Alckmin (PSDB), segundo o Datafolha.
Mas falou como reeleito ao afirmar que não pretende reduzir o número de ministérios. Sobre os ministros, disse que ninguém é "imexível", mas que só falará sobre isso se for reeleito.
Lula também disse que acredita que Freud Godoy, ex-assessor especial da Presidência, é uma vítima, mas que não tem certeza da inocência dos outros envolvidos no caso. Sobre os mensaleiros que foram reeleitos nas eleições, disse apenas esperar que eles "façam jus à confiança que o povo teve neles e tenham um comportamento irretocável."
O presidente-candidato elogiou o governador eleito de São Paulo, José Serra (PSDB), e o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, mas não poupou críticas a Alckmin.
"Eu tenho uma relação com o Serra infinitamente melhor do que com o Alckmin. Eu tenho uma relação com o Aécio que considero extraordinária, como amigo, como político, sabendo que estamos em partidos diferentes", afirmou.
"O Serra é uma figura mais cosmopolita do que o Alckmin, tem uma dimensão nacional maior. É um político mais experimentado. O Aécio é um político muito esperto, se dá bem com todos os nossos governadores eleitos", disse Lula, acrescentando que o país terá um clima mais favorável para debater a sucessão presidencial em 2010.
Sobre o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Lula disse que sua relação com ele "sempre foi muito boa, mas ficou truncada." Para Lula, no entanto, FHC falou demais como ex-presidente. "Fico muito sentido porque uma amizade é sempre muito difícil da gente fazer", disse.
Indagado sobre o tão esperado "espetáculo do crescimento", prometido em 2003 e ainda não vivido, Lula reafirmou que ele vai acontecer. Ele reafirmou que as bases para este crescimento estão lançadas e que o investimento para isso virá da iniciativa privada, do financiamento do BNDES e de parcerias com empresas internacionais. "Acho que essa coisa vai acontecer com dinheiro privado. Vai acontecer, e muito", disse.
(Por Claudia Pires)
Fonte: http://br.news.yahoo.com/eleicoes/noticias/061019/5/19yb6.html