Um site criado para encorajar vazamentos de segredos governamentais foi exposto antes de seu lançamento. Pessoas que têm acesso a segredos de governos em todo o mundo estão sendo convidadas a usar o site para divulgar informações de corrupção e injustiça. O sistema tem por objetivo funcionar como a popular enciclopédia online Wikipedia, onde os próprios usuários editam o conteúdo, para encorajar as pessoas a fazerem denúncias.
Com conteúdo que dependerá inteiramente de contribuições voluntárias, o http://www.wikileaks.org entrará oficialmente em funcionamento dentro de alguns meses; em lugar de convidar o público a escrever artigos de enciclopédia, o site convida funcionários de governos a divulgar documentos de Estado.
"O que a consciência não pode guardar e o que o segredo institucional injustamente oculta, o Wikileaks poderá transmitir a todo o mundo", diz uma das respostas na seção de perguntas freqüentes do site. "O Wikileaks servirá de veículo para todos os funcionários de governos, todos os burocratas, todos os trabalhadores em grandes empresas que vierem a adquirir informações embaraçosas que a instituição deseja esconder, mas o público precisa conhecer", afirma o site.
No entanto, o primeiro grande vazamento no Wikileaks serve como exemplo clássico do marketing viral que anima a Web: e o próprio site foi o alvo. Os criadores do Wikileaks dizem que sua intenção era manter a discrição durante o período de desenvolvimento. Por exemplo, o "assessor" que conversou com a Reuters em nome do site o fez sob a condição de que seu nome não fosse divulgado.
Mas o blogueiro John Young revelou detalhes sobre o projeto. Outros blogs e veículos de mídia, entre os quais a revista Time, expuseram a identidade de James Chen e Julian Assange, dois dos criadores do projeto, em uma mistura de informação e especulação que destaca até que ponto a Internet é perigosa para quem está à procura de fatos.
Alguns blogs chegaram a especular que o site poderia ser uma fachada para a agência de inteligência dos Estados Unidos (CIA), e outros descartaram a idéia como amadora e risível. Guy Dehn, diretor da Public Concern at Work, uma organização que promove denúncias sobre irregularidades no Reino Unido, definiu a questão: "É um conceito problemático, porque pode servir de cobertura a pessoas mal intencionadas."
O debate público pode passar a girar mais em torno da identidade de quem faz a denúncia do que em torno do problema denunciado. "Denúncias funcionam quando feitas abertamente", disse ele. "É preciso que haja responsabilidade pessoal."
Fonte: tecnologia.terra.com.br