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A Liderança Não É Um Mar De Rosas
Enviado em 15/01/2007 - 06:23
Fonte: A A A A
A missão básica da liderança é de cunho emocional, segundo Daniel Goleman (2002). Ele adota o termo “Autogestão” referindo-se a um diálogo interno que impede o líder de ser prisioneiro dos seus próprios sentimentos. A autogestão propicia transparência – uma autêntica abertura em relação aos sentimentos, crenças e atos de cada um – proporciona integridade, ou a sensação de que o líder é confiável e vive os seus valores. Tais líderes são genuínos porque não se fazem passar pelo que não são.
A autogestão impõe ao líder trabalhar o conflito entre a sua racionalidade e os seus sentimentos pessoais que acarretam quatro padrões de resposta:
1. Autonomia – Dependência = conflito entre o desejo de ser amado e o desejo de ter autonomia e liberdade. Ora o líder permite que o colaborador aja, ora controla essa ação. Sentimentos de centralização das decisões, posse, insegurança afetiva e ciúme são comuns neste padrão.
2. Sentimento de Insuficiência = este padrão caracteriza-se pela negação ou não reconhecimento de seu valor intrínseco. A auto-imagem e a auto-estima necessitam de restauração. Líderes com ansiedade de rendimento, buscam méritos, têm grande necessidade de serem reconhecidos, se valem dos diplomas e títulos numa tentativa de minimizar os sentimentos de insuficiência. Há necessidade de aprovação e reconhecimento e facilmente reproduzem as estruturas organizacionais independentes de serem em prol da coletividade.
3. Bloqueio da Sensibilidade = existe uma forte defesa em manejar sentimentos como raiva, dor, tristeza, frustração. Conceitos entre decência e culpa podem fazer o líder controlar-se, apagar a sensibilidade e obstruir a capacidade crítica sobre determinada reprodução de condutas.
4. Dissociação e Desorganização = busca a racionalidade dos atos, há estratégias, são pessoas planejadoras, o que é muito valorizado na organização. Se o líder tem atitudes pouco convencionais, começa a ser marginalizado socialmente. Alguns desenvolvem o mecanismo de ser rigorosamente “certinhos” para serem aceitos, mas privados do prazer, bebem, deprimem-se, somatizam. Perder o controle mental e profissional é vergonhoso, implica em não poder controlar racionalmente o mundo.
Durante décadas, esses sentimentos pessoais do líder eram considerados como um ruído que tumultuava o funcionamento racional das organizações. Goleman (2002, prefácio) afirma que o “tempo de ignorar as emoções como algo irrelevante para os negócios já passou”. Fundamenta tal afirmação tomando como exemplo a catástrofe que se abateu sobre Nova York, Washington, D.C. e Pennsylvania em 11 de setembro de 2001, enfatiza que o líder Mark Loehr, diretor de uma empresa da área de tecnologia de Connecticut, em resposta ao caos instalado convidou todos os empregados a virem para a empresa, no dia seguinte não para trabalhar, mas para conversar sobre seus sentimentos e discutir o que fazer diante da perda de amigos, colegas e parentes vítimas da tragédia. Acompanhou as pessoas que choravam juntas, pedindo-as que falassem sobre a sua dor, enviava e-mail solidário para a empresa todas as noites. Numa tentativa de que os funcionários pudessem reverter a dor em algo positivo, colheu sugestões dos mesmos e resolveram doar o lucro de um dia de trabalho para as vítimas da tragédia, importando na época em US$ 6 milhões, quando o máximo que já haviam atingido era de US$ 1 milhão. O Loehr, “ajudou seu pessoal, e a si mesmo, a encontrar um sentido e um significado, mesmo diante do caos e da loucura” (Goleman, 2002).
Analisando a situação descrita, como podemos inferir o comportamento do diretor? Como de fato ele manejou seus próprios sentimentos e levou as pessoas a produzirem diante do caos? Ele trabalhou ao mesmo tempo os seus próprios sentimentos e a sua racionalidade?
Partindo destas questões, podemos considerar que compreender a liderança de um indivíduo é tentar apreender o cerne de sua vida interior como afirma Laurent Lapierre (1995). É por esta vertente que os treinamentos sobre liderança deverão caminhar.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS § GOLEMAN, Daniel. O Poder da Inteligência Emocional. Rio de Janeiro: Editora Campus, 2002. § LAPIERRE, Laurent. Imaginário e Liderança. Volume I. São Paulo: Editora Atlas, 1995.
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Enviado por: brunohcs
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