A Web 2.0 é a última tentativa de um esforço sem fim de reatar a mania ponto-com do fim da década de 90. Essa parece fazer sucesso. O problema é que pouca coisa mudou. Más idéias do passado foram renomeadas e alteradas. Estamos vendo um exemplo clássico do "vinho velho em garrafa nova": mudar a etiqueta não deixa o vinho melhor, mas faz com que compremos o vinho.

Eis o que realmente acontece. Algumas tendências que sumiram com a crise ponto-com, tais como comércio online, voltaram sem ninguém precisar reapresentá-las como mágicas. Seu crescimento é estável, e seu futuro parece bom. Mas a crise ponto-com fez com que muitas outras tendências fossem abandonadas. A retórica dos promotores da Web 2.0, um conjunto de frases pegajosas e impressionantes, parece apenas um jeito de requentar essas panacéias digitais falhas.

Self-service

Talvez os inventores da Web 2.0 não vejam quais são as reais tendências, porque perdida entre as palavras da moda e as conferências chiques está a realidade do que as pessoas realmente fazem online, que é algo relacionado ao conceito de que se usa a web para fazer tudo no estilo self-service. Essa tem sido a principal vantagem da internet desde sua concepção. Já que a simplicidade (a idéia principal em self-service) não dá dinheiro, essa idéia se perde no meio de palavras como "arquitetura participativa," "habilitadora de interatividade," "experiência rica," "ambiente categorizado pela contribuição do usuário," "hackabilidade," e "possibilidade de remasterização pelo usuário." Mas trata-se apenas de evolução, e não da revolução que as garotas de torcida organizada promovem.

Esse jargão não faz sentido para quem se encontra no meio do sonho. O sonho real, na verdade, seria ficar rico rapidamente sem nenhum trabalho mesmoexceto quando se escreveu algum código uma vez. Para programadores, esse sonho volta a 1981, o começo de uma era em que programadores poderiam ser estrelas, viverem felizes assim e saírem disso ricos.

Fator Ambição

Durante o final da década de 90, a ambição voltou a inspirar muitos novatos, que estão convencidos que dessa vez vai dar certose apenas houvesse outra onda ponto-com. A web 2.0 é um ponto de disputa. Talvez a torcida organizada consiga fazer com que isso aconteça! Mas pelo que torcem, um monte de conceitos vagos e sem sentido, mostram que não têm idéia sobre o que estão fazendo.

Essas iniciativas mais novas, vêm na verdade de conceitos de 1999, como se nunca tivesse acontecido uma crise ponto-com. Vou contar a você um segredo do Vale do Silício. De acordo com o folclore local, a crise ponto-com não teve nada a ver com a estupidez ou a ganância de gurus da web e MBAs. Foi culpa da Enron, MCI, e investidores de risco burros. A idéia de reforçar os mesmos conceitos vem da crença errônea de que não houve crise em primeiro lugar. Maluco, hem?

O crescimento das empresas de Web continua, apesar de não ter a loucura financeira do final da década de 90. Talvez as coisas sejam melhores sem todo aquele dinheiro (opa, aqui eu desvio de um tomate eventualmente jogado por um leitor). Exceto para aqueles que estão perdendo porque ainda acreditam em um esquema fique-rico-da-noite-para-o-dia.

Eficiência

Na minha opinião, o ímpeto atrás da Web 2.0 é a vontade de fazer uma internet self-service mais eficiente. E isso é o que passa despercebido pela maioria dos que tentam criar uma nova onda ponto-com ao promover a excitação sobre a Web 2.0. Veja a Wikipediaalgo possível apenas pela natureza de faça-você-mesmo da web. O modelo self-service que deveria mudar o modo como as pessoas negociam se estendeu em tudo online, da enciclopédia Wiki que "reescreve a si mesma" aos blogs e aos podcasts, onde se pode fazer seu próprio jornal ou transmissão, a sistemas de social networking, onde se encontram namoros. Ainda assim lembre que o podcast é uma evolução da mídia streaming e do webcast do fim da década de 90.

Críticos de idéias de self-service como blogs lhe dirão que você não pode substituir operações tais como o The New York Times para ver notícias, mas e daí? Um milhão de blogs combinados com certeza consegue. Não apenas os blogs são faça-você-mesmo por natureza, mas também a arte de achar e ler seus blogs favoritos. Tanto os blogs como a velha mídia têm seu lugar na internet.

Enquanto leio baboseiras sobre a 2.0, raramente acho alguém que entenda que self-service é o foco real das mudanças profundas em como a web tem sido usada nos últimos anos. Em vez disso, alguns vêem essas mudanças em termos utópicos. As conferências da Web 2.0 ficam cheias com grandes palestrantes que tratam sobre um Bravo Novo Mundo onde tudo é legal e onde você pode compartilhar fotos e fazer o download de música!

Eles não entendem. As últimas palavras da moda apenas captam uma idéia que já foi dita há décadas: "se você quer algo bem feito, faça você mesmo." Bem-vindo à Web 2.0. Agora você pode ficar na sua!