O ex-ditador foi considerado culpado de crimes contra a humanidade
BAGDÁ - O ex-ditador do Iraque, Saddam Hussein, foi considerado culpado por crimes contra a humanidade e condenado à morte por enforcamento. Ao ouvir a sentença, visivelmente abalado, Saddam gritou "Deus é grande!". Depois, tremendo, acrescentou: "A vida pela nação gloriosa, e morte a seus inimigos!"
Também foram condenados à morte o ex-presidente do Tribunal Revolucionário Iraquiano, Awad Hamed al-Bandar, e o meio-irmão de Saddam e ex-chefe de espionagem do Iraque, Barzan Ibrahim.
A pena está sendo imposta pelo massacre de 148 homens e meninos xiitas da aldeia de Dujail, em 1982.
As sentenças de morte seguirão imediatamente para um painel de apelação de nove juízes que terão tempo ilimitado para rever o caso. Se os veredictos e as sentenças forem mantidos, as execuções devem ocorrer num prazo de 30 dias.
O procurador-chefe, Jaafar al-Moussawi, disse a repórteres que o julgamento do caso Anfal, atualmente em curso, em que Saddam e outros são acusados de responsabilidade em massacres de curdos, inclusive com gás venenoso, terá prosseguimento enquanto correr a apelação. Mas se a sentença de morte for mantida, o processo relativo a Anfal e de outros casos serão suspensos e Saddam será executado.
Al-Moussawi afirmou que na eventualidade da execução, Saddam será enforcado, apesar de ter pedido para ser morto por um pelotão de fuzilamento. Um oficial do tribunal informou que o processo de apelação deve levar de três a quatro semanas, uma vez que os documentos formais sejam apresentados.
No início da sessão do tribunal, o ex-ditador havia se recusado a obedecer à ordem do juiz Raouf Adbul-Rahman, para que se levantasse a fim de ouvir a sentença. Dois meirinhos agarraram Saddam para forçá-lo a se pôr em pé.
Antes do início da sessão, um dos advogados de Saddam, o ex-secretário de Justiça dos EUA Ramsey Clark, foi expulso da corte, depois de entregar ao juiz um memorando no qual se referia ao processo como uma farsa. Abdul-Rahman apontou para Clark e disse, em inglês: "Caia fora".
Os advogados de defesa também insinuaram que a data da sentença, a dois dias da eleição americana de terça-feira, tinha sido programada para que o governo republicano dos EUA tirasse vantagem eleitoral da condenação. O presidente George W. Bush saudou o resultado do julgamento durante uma viagem de campanha, mas o porta-voz da Casa Branca, Tony Snow, qualificou de "absolutamente maluca" qualquer insinuação de que a fixação das datas foi manipulada para coincidir com a reta final da campanha.
O julgamento de Saddam e outros réus, neste caso, teve início em 19 de outubro de 2005, e foi realizado pelo Tribunal Especial Iraquiano.
Saddam Hussein foi preso no Iraque, por tropas americanas, no dia 13 de dezembro de 2003, depois de uma perseguição de 9 meses.
As sentençasAlém de Saddam, sete outros réus responderam ao processo pelo massacre de Dujail. Todos foram condenados, menos um. As sentenças são:
Saddam Hussein, ex-presidente do Iraque: morte por enforcamento.
Barzan Ibrahim, meio-irmão de Saddam e ex-chefe de espionagem: morte por enforcamento.
Awad Hamed al-Bandar, ex-chefe da Corte Revolucionária: morte por enforcamento.
Taha Yassin Ramadan, ex-vice-presidente do Iraque: prisão perpétua.
Abdullah Kazim Ruwayyid, ex-integrante do Partido Baath: 15 anos de prisão.
Mizhar Abdullah Ruwayyid, ex-integrante do Partido Baath: 15 anos de prisão.
Ali Dayih Ali, ex-integrante do Partido Baath: 15 anos de prisão.
Mohammed Azawi Ali, ex-integrante do Partido Baath: inocentado.