A Intel conseguiu progresso em uma tecnologia que poderá permitir a recarga sem fios de aparelhos eletrônicos, o que poria fim ao emaranhado de cabos que pendem por trás dos equipamentos. A empresa informa que conseguiu aumentar a eficiência de uma técnica que permite acionar sem fio aparelhos eletrônicos e computadores, um avanço que permitiria que a pessoa simplesmente posicionasse o aparelho sobre uma mesa ou balcão para carregá-lo. Isso conduziria o setor de bens eletrônicos de consumo a novos progressos quanto ao objetivo de criar um mundo no qual cabos sejam desnecessários.
Na quinta-feira, a produtora de chips demonstrou o uso de um campo magnético para transmitir carga de energia de até 60 watts a uma distância de entre 60 centímetros e um metro. Segundo a Intel, isso pode ser realizado com uma perda de energia na transmissão da ordem de apenas 25%.
"Algo parecido com essa tecnologia poderia ser incorporado a mesas ou bancadas de trabalho", disse Justin Rattner, vice-presidente de tecnologia da Intel, "de modo que tão logo alguém posicionasse sobre elas um aparelho dotado do equipamento necessário, ele começaria a receber energia imediatamente".
A apresentação foi parte do Intel Developer Forum, um evento anual organizado pela empresa para demonstrar aos programadores e profissionais do setor novas tecnologias de computação pessoal e para bens eletrônicos de consumo.
O projeto de pesquisa, que está sendo comandado por Joshua Smith, pesquisador da Intel, em um laboratório da empresa em Seattle, aproveita o trabalho do físico Marin Soljacic, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), que foi o pioneiro da idéia de transmissão sem fios de eletricidade, com o uso de campos magnéticos ressonantes. O grupo do MIT se refere à idéia como WiTricity, combinando os termos "wireless" (sem fio) e "electricity". Tanto o grupo do MIT quanto os pesquisadores da Intel estão explorando um fenômeno conhecido como "indução ressonante", que torna possível transmitir energia a uma distância de alguns metros sem o uso de cabos.
A indução já é utilizada para recarregar aparelhos como escovas de dentes elétricas, mas a abordagem é limitada pela necessidade de posicionar a escova sobre uma estação base.
O grupo do MIT demonstrou que a transmissão pode ser realizada com índices de eficiência da ordem de 50% a distâncias de alguns metros. A Intel está em meio a um debate interno para determinar se a tecnologia também permitiria a transição para os supercapacitores, que podem ser recarregados bem mais rápido do que as baterias atuais. "No futuro, os balcões de cozinha podem contar com esse recurso", disse Rattner. "Bastaria posicionar a cafeteira sobre o balcão e não seria preciso conectá-la à tomada".
A equipe da Intel descreve o sistema como "um link de energia sem fio ressonante", e está experimentando antenas de menos de 60 centímetros de diâmetro que seriam capazes de fornecer energia suficiente para acender de longe uma lâmpada de 60 watts.
Em 2006, pesquisadores do MIT demonstraram que era viável enviar ondas eletromagnéticas em torno de um condutor de ondas e produzir ondas "evanescentes", que conduziriam eletricidade sem fio a outro condutor de ondas "sintonizado" para a recepção.
Diversas empresas iniciantes, entre as quais a WildCharge, de Boulder, Colorado, e a WiPower, de Altamore Springs, Flórida, já começaram a anunciar tecnologias de carga elétrica sem fio. Mas as tecnologias exibidas até agora exigiam que o aparelho a ser carregado tocasse a estação de carregamento.
Os pesquisadores da Intel afirmaram que estavam pensando em projetar um sistema que tornaria possível recarregar um laptop sem fio.
"Do ponto de vista da Intel, esse parece ser o objetivo certo a perseguir no momento", disse Smith. A antena receptora tem o tamanho de algo que poderia se encaixar facilmente à placa inferior de um laptop convencional. "Pode ser que o uso do sistema para celulares e organizadores pessoais seja ainda mais interessante, mas minha impressão é de que eles iniciarão com o laptop. Adaptá-la a aparelhos menores, posteriormente, será fácil".
Os pesquisadores informaram que a Intel poderia produzir um projeto básico e um protótipo, e que poderia contribuir para o desenvolvimento de outros produtos ao desenvolver chipsets específicos para fabricantes. Na apresentação dos pesquisadores, na quinta-feira, Smith demonstrou um aplicativo que emprega um sensor de campos elétricos - algo que certos peixes apresentam como capacidade natural - para aumentar a destreza de braços e mãos robotizados. Ele projetou um sistema de sensores que torna possível a uma mão robotizada avaliar o tamanho de uma maçã e apanhá-la. A mão em seguida conduz a maçã e a deposita sobre uma mão humana estendida. Quando "sente" a presença da mão logo abaixo, deixa cair a maçã.
Tradução: Paulo Migliacci
Fonte: www.terra.com.br