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Mudanças no PHP6 vai trazer junto problemas

Enviado em 01/12/2007 - 12:56
Fonte: A A A A

Estive lendo algumas noticias pela internet e encontrei uma que me chamou atenção, abordando as mudanças no PHP6. Resolvi trazer para que vocês possam dar uma lida o colocarem sua opinião.

Este artigo foi idealizado e escrito por quatro colunistas do Meiobit em um trabalho conjunto. Participaram Thiago Coelho, Bruno Alves, Cardoso e falcon_dark.

A versão atual do PHP é a 5.1.6, mas o núcleo de desenvolvimento da linguagem já trabalha na versão 6. Da versão 4 para a 5 da plataforma, ocorreram modificações profundas, causando inclusive interrupção no funcionamento de vários scripts. Isso ocasionou uma série de transtornos para desenvolvedores, prestadores de serviço e usuários da linguagem. E, principalmente, um atraso muito grande na adoção da versão 5. É comum, quando se contrata um servidor de hospedagem, encontrar suporte ao PHP4 e ao PHP5 (este último normalmente em suporte Beta) pois existe uma preocupação dos prestadores de serviço em suportar os scripts mais antigos, que ainda são maioria.

A versão 6, que gera muitas discussões nas listas de desenvolvimento oficiais do PHP, pode retirar muitas características da plataforma em uma operação de enxugamento para torná-la mais prática de ser usada. O problema, novamente, é a compatibilidade legada. Com as características que devem ser abandonadas muitos scripts escritos para as versões 4 e 5 podem, outra vez, parar de funcionar. Enquanto a equipe que desenvolve o PHP está obviamente preocupada em tornar a linguagem mais profissional fica a dúvida se essas modificações constantes podem afetar a credibilidade e a adoção do PHP como ferramenta de desenvolvimento.

A notícia de que mudanças no PHP6 poderiam criar incompatibilidade com o legado das versões 4 e 5 surgiu de um dos desenvolvedores da linguagem, Derick Rethans. Ele afirmou publicamente que, entre outras coisas, o PHP6 dará suporte ao Unicode. Isso tornaria as aplicações escritas em PHP mais internacionalizáveis, aumentando a flexibilidade do que pode ser escrito com a plataforma. Entretanto, ao contrário dessa modificação, as outras propostas retiram características que, quando usadas por scripts de outras versões, podem ocasionar em erros de execução paralisando os serviços. Vamos discutir aqui algumas das modificações mais profundas já propostas e seu possível impacto sobre as aplicações existentes escritas em PHP. Entre o que está planejado para mudar no PHP6 aparece:

  1. Remoção completa de register_globals Desde a versão 4 do PHP fala-se em abandonar essa característica. Desta forma, programadores mais experientes já produzem código sem usá-la. Ainda que aplicativos escritos por desenvolvedores menos preocupados possam deixar de rodar na versão 6, o impacto disso dever ser pequeno sobre os aplicativos profissionais.
  2. Remoção de magic_quotes_ Boa parte dos programadores PHP sequer as usa e seu abandono já era discutido há muito tempo. Deve ocasionar pouco impacto sobre a plataforma.
  3. O PHP6 deve incluir um mecanismo para que os desenvolvedores desliguem opções do ambiente que o administrador do site tenha deixado ligadas por padrão, e vice-versa. Aqui vemos luzes vermelhas, pois os usuários não deveriam poder alterar opções do sistema sem o uso de um mecanismo que limite o que pode ser alterado, nos moldes do Apache. Não há indicação de que esse sistema vá existir o que pode gerar a situação incômoda do desenvolvedor administrar mais o sistema do que o próprio administrador. É apenas uma suspeita de nossa equipe que essa característica vá trazer problemas, mas a possibilidade está em aberto.
  4. Remoção do safe_mode e foco no uso de open_basedir O open_basedir é mais restritivo que o safe_mode e por isso permite uma flexibilidade maior. Entretanto, em servidores que armazenem diversos sites distintos (que é o caso mais comum na internet), o compartilhamento de scripts pode tornar-se problemático. Ponto para a segurança, mas os administradores de sistemas com PHP6 terão que suar um pouco mais a camisa.
  5. Remoção de tudo que foi marcado como desatualizado desde o PHP 3/4 Muitos scripts, principalmente os mais "antigos" vão parar de funcionar definitivamente, exigindo que o código seja revisado e reescrito. Somando à isso o fato de querer aproveitar as novas funcionalidades vai haver muita gente decidindo que a migração não vale a pena ou que é melhor escrever a aplicação do zero do que ficar tapando buracos em código legado.
  6. Tornar os identificadores sensíveis à caixa do texto Aqui haverá um problema para desenvolvedores de Windows, que podem não estar acostumados com essa característica já existente em diversas outras linguagens, como o C/C++, por exemplo. Desenvolvedores UNIX não sentirão diferença pois nessa classe de sistema operacional a sensibilidade à caixa é padrão. Nesse aspecto os hábitos antes alimentados pelo PHP podem exigir adaptação de parte dos desenvolvedores. Além disso, scripts escritos com pouco cuidado podem parar de funcionar.
  7. Remoção de vários aliases de funções Scripts que fazem uso desses aliases não irão funcionar na nova versão do PHP. É uma simplificação boa, já que é melhor ter apenas um nome para cada coisa, e vai reduzir a complexidade do desenvolvimento. Mas outra vez os desenvolvedores terão que optar entre permanecer com uma versão antiga da linguagem ou trabalhar para modificar o código existente.

Essas são as principais modificações propostas para a versão 6 do PHP, que irão exigir cuidado dos profissionais que decidam pelo upgrade em seus servidores. Certamente elas devem atrasar a adoção da nova versão, como aconteceu com o PHP5. Na versão 5 muito foi feito no sentido de tornar a linguagem orientada à objetos. Isso permite que os programadores escrevam aplicações mais complexas e maduras, mas as incompatibilidades com o legado das versões 3 e 4 do PHP foram um grande obstáculo para a adoção do PHP5.

De tal sorte que o PHP5 ainda não tornou-se o padrão para as aplicações PHP no mundo, havendo uma forte presença do PHP4 no mercado.

O fato do cPanel demorar cerca de 6 meses para retirar do estágio Beta qualquer modificação na plataforma PHP irá atrasar a migração de boa parte dos usuários. Muitos scripts livres e gratuitos que são usados por uma parte grande do mercado, cujos administradores não são programadores e usam código de terceiros, podem demorar para serem migrados para o PHP6 paralisando ainda mais o movimento de migração para a nova versão. As mudanças da versão 4 para a 5 obrigaram muitos desenvolvedores a reescrever seus scripts do zero e as quebras de suporte legado propostas para a versão 6 irão deixar muitos programadores descontentes.

Ainda que os aplicativos desenvolvidos para o PHP4 que não tenham recebido adaptação para a versão 5 possam ser reescritos ou adaptados diretamente para a versão 6, é impossível negar que os programadores ficarão desconfiados. Começar os trabalhos para levar seus scripts para a versão 6 valerá a pena? Haverá outra quebra de suporte legado em uma futura versão 7? Essas perguntas agora encontram-se atrás de uma cortina de fumaça e devem levar algum tempo para serem respondidas. Talvez o mercado só comece a migrar realmente para o PHP6 quando o grupo que desenvolve a linguagem comprometer-se a manter suporte para uma nova versão. Podem se passar 2 ou 3 anos até que uma migração forte para a nova versão 6 seja verificada no mercado e até lá provavelmente poucos decidirão investir tempo e dinheiro para adaptar scripts antigos para a versão 5, dando uma sobrevida inusitada ao PHP4.

Essas mudanças na plataforma PHP que causam falta de compatibilidade com aplicações legadas são reflexos de um projeto pouco estruturado. A mudança de foco do PHP, desde seu nascimento até hoje, também contribuíram para que mudanças tão profundas fossem levadas à cabo. E é indiscutível que esse tipo de acontecimento abala o respeito que o mercado tem por dada solução. Essas guinadas bruscas demandam retrabalho de profissionais cuja hora de serviço não é das mais baratas. Produtos de empresas consolidadas, como Microsoft, Oracle, e outras, raramente colocam seus clientes em posições tão desconfortáveis em tão curto espaço de tempo. Esse panorama deixará muitos tomadores de decisão avessos ao PHP ainda que as mudanças efetuadas sejam reconhecidamente necessárias e bem vindas pelos profissionais técnicos.

Em uma análise mais profunda esse tipo de situação pode servir para o pessoal do Software Livre repensar um pouco mais a forma como grandes projetos é manejada. Não são raros os casos de projetos livres que obrigaram seus usuários a passarem pelo mesmo tipo de situação que o PHP. O Drupal, por exemplo, CMS usado aqui no Meiobit é um exemplo de aplicação que, de uma versão para outra, tornou todos os seus módulos incompatíveis e exigiu que programadores e usuários fizessem malabarismos.

Podemos citar também o Firefox, que na versão 2 obrigou os criadores de extensões a adaptar suas criações à uma nova API. São exemplos para o SL de que talvez seja necessário um comprometimento maior com certas políticas tipicamente empresariais para manter seu mercado e sua comunidade.

Aqui o link para a versão beta do PHP6.

Retirado do site www.imasters.com.br escrito por www.meiobit.com.br


Enviado por: brunohcs

Postado em: PHP

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