Os mesmos ingredientes que provocaram o “Caos Aéreo” estão prontos para repetir a mesma “receita de desastre” em outro importante setor da economia brasileira. Com a expansão da oferta de banda larga no país, somada à falta de regulamentação da infra-estrutura de fibra ótica e a falta de investimentos no lançamento de novos satélites estacionários, temos um cenário de total colapso na capacidade da nossa atual malha de dados.
Até dezembro, o número de usuários de banda larga chegará próximo a 8 milhões de clientes, 30% acima do ano passado, e praticamente duplicará até o fim desta década, chegando a 15 milhões em 2010. Já os investimentos programados para os próximos 3 anos não ultrapassam 300 milhões de Reais. Segundo especialistas, o mínimo necessário para garantir a estabilidade seria 4 bilhões e meio de Reais. “Não temos capacidade para suportar 8 milhões de usuários de banda larga, a nossa malha de dados já está no limite”, alerta Gleicon Ranieri, executivo no Comitê Gestor da Internet no Brasil.
“A nossa estrutura de Internet tem uma capacidade de tráfego limitada pela quantidade de backbones internacionais que dispomos para ligar os nossos computadores de grande porte com seus similares nos Estados Unidos e Europa”, explica Manoel D’Oro, especialista em sistemas. “Para o usuário leigo, podemos dizer que a internet é uma série de tubos. Temos um tubo que nos liga aos EUA e cada imagem, vídeo ou página de texto que acessamos lá precisam viajar dentro deste tubo para chegar ao Brasil. O problema é que temos poucos tubos para esta demanda crescente, o que provoca um congestionamento. Isso torna a rede como um todo muito mais lenta”, conclui.
O problema é agravado porque 6 dos 10 sites mais visitados pelos brasileiros (Orkut, Google, Youtube, MSN , Windows Live e Yahoo) não têm servidores localizados no país e isso está sobrecarregando os nossos escassos backbones internacionais. Apenas o Orkut é responsável por 30% do tráfego em nossos backbones, o que tira espaço para outras aplicações mais essenciais.
Os especialista do Comitê Gestor da Internet Brasileira apontam que a solução de curto prazo seria dar incentivos fiscais para as 3 empresas proprietárias dos sites internacionais mais visitados (Yahoo, Google e Microsoft) construírem data-centers no país, “nacionalizando” assim o tráfego de dados e liberando nossos backbones internacionais. O outro caminho seria investir em pelo menos 2 novos satélites ou um novo cabo de fibra-ótica submarino até os EUA, obra que demoraria de 4 a 6 anos para ser concluída, uma eternidade se usarmos como referência o ritmo de crescimento da demanda e do aumento da complexidade dos aplicativos "WEB 2.0". Como medida emergencial o acesso a estes sites, principalmente Orkut e YouTube - considerados serviços “não essenciais” pelo Comitê Gestor - poderá ser racionado ou inteiramente bloqueado até o final do ano.
Fonte: cocadaboa.com