O programador Auro Florentino, de 26 anos, conheceu a técnica do Ajax por acaso. Depois de uma temporada viajando de mochilão pela Argentina, resolveu arrumar um emprego para poder passar mais tempo em Buenos Aires. Em janeiro de 2005, foi trabalhar como programador web numa empresa portenha, onde lhe mostraram um novo jeito de atualizar listas de estados e cidades sem precisar recarregar a página inteira — o Ajax. Seis meses depois, ele foi “repatriado” por uma excelente oferta de trabalho num projeto da Alcoa, a maior produtora de alumínio do mundo. Detalhe: Florentino é formado em direito, não em computação. “Sempre gostei de programação e acabei indo trabalhar no ramo”, diz.
Quer dizer que está chovendo trabalho para quem trabalha com Ajax? “Ainda não”, afirma Bruno Martins dos Santos, gerente de hunting da consultoria paulista Conquest One, responsável pela colocação de Florentino. “Ainda há poucos projetos no Brasil envolvendo Ajax. Mesmo assim, os poucos programadores que manjam de Ajax já andam disputados. “Temos 30 mil currículos na área de TI em nosso banco de dados. Mas quando a vaga pede experiência em Ajax, temos de partir para nosso network e indicações de parceiros”, diz Santos. Foi o que aconteceu nas sete vagas que surgiram na Conquest One no segundo semestre de 2005. Na prática, isso se traduz em boas oportunidades de aumentar o salário. Segundo Santos, um programador web sênior ganha acréscimos de 20 a 25% em média quando o Ajax é pré-requisito. Na experiência de Florentino, a conta foi além disso. “Um programador que domina a técnica consegue até dobrar seu salário”, diz. O Ajax não dá um upgrade na carreira isoladamente. “Para poder dizer que entende de Ajax, o profissional precisa mostrar que tem ótimos fundamentos de HTML, XML, JavaScript e alguma linguagem para web, como PHP”, diz Abel Reis, vice-presidente de tecnologia da paulista AgênciaClick. “Dominar e saber usar essas tecnologias em conjunto é um trunfo que dá uma enorme dianteira em qualquer processo de seleção na área de web”, diz Pierre Mantovani, diretor de novos negócios da Agencia Tribal, de São Paulo. Outra característica em comum, segundo a Conquest One, é a intimidade com o mundo open source: todos os sete profissionais selecionados em 2005 tinham experiência com Linux, PHP, Apache e MySQL.
INTERATIVIDADE
O pacote de conhecimentos procurado pelas empresas é reflexo da evolução da web. “Com o Ajax e outras técnicas parecidas, é possível oferecer ao internauta a mesma interatividade de uma aplicação tradicional de desktop. Isso é muito bom para o usuário, mas dá trabalho para fazer”, diz Mantovani. “Há alguns anos, os programadores de client-side tinham que entender muito mais de design do que de programação”, diz Reis, da AgênciaClick. “Hoje eles precisam dominar conceitos como programação orientada a objeto, que antes eram pré-requisitos apenas para quem cuidava do back-end comos bancos de dados”, afirma.
ONDE O AJAX ENTRA
O Ajax é uma técnica que envolve o uso em conjunto de várias tecnologias. Basicamente, trata-se de usar XML para se comunicar com o servidor e atualizar os dados no browser do internauta sem precisar recarregar a página inteira. Isso é feito por meio de JavaScript em conjunto com alguma outra linguagem de programação web, como PHP ou C≠. A implementação mais comum do Ajax é baseada na classe XMLHttpRequest, que faz o meio de campo entre o servidor e o browser. A técnica ganhou fama em serviços como o Gmail, Orkut e GoogleLocal, que empregam muitos recursos em Ajax.
FONTE: INFO Online